O carro de boi é guiado pelo carreiro que caminha ao lado dos bois. Na mão ele tem uma vara comprida com um prego na ponta: é o ferrão. Com o ferrão ele espeta o boi que está fazendo corpo mole, ou o boi que está indo na direcção errada. E os bois obedecem. É impossível não obedecer as ordens da dor.
Quem não tem vontade própria fica à mercê do ferrão dos outros...
Mas o orgulho do carreiro está na música que o carro faz. Carro de boi é instrumento musical. A madeira do eixo, girando apertada na madeira do encaixe, produz um som contínuo, lamentoso, uivo de carpideira, um gemido sem fim. Quando o carro canta o carreiro sobe em cima, segura o ferrão na vertical como se fosse uma lança, e sorri, orgulhoso, como se fosse um músico dando um concerto.
Tenho saudade dessas músicas, a música do monjolo, a música do carro de boi. Dentro de mim elas continuam.
Quem não tem vontade própria fica à mercê do ferrão dos outros...
Mas o orgulho do carreiro está na música que o carro faz. Carro de boi é instrumento musical. A madeira do eixo, girando apertada na madeira do encaixe, produz um som contínuo, lamentoso, uivo de carpideira, um gemido sem fim. Quando o carro canta o carreiro sobe em cima, segura o ferrão na vertical como se fosse uma lança, e sorri, orgulhoso, como se fosse um músico dando um concerto.
Tenho saudade dessas músicas, a música do monjolo, a música do carro de boi. Dentro de mim elas continuam.
Rubem Alves
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