quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

População do Cachão queixa-se da poluição causada por fábrica local

Frechas

O fumo e a sujidade proveniente de uma fábrica de extracção de óleo de bagaço de azeitona, instalada no Cachão, em Frechas, está a gerar queixas por parte de população local. O ano passado, os moradores já denunciaram a situação ao Ministério do Ambiente, através de um abaixo-assinado. No entanto, até ao momento, ainda não receberam qualquer resposta. Os responsáveis pela fábrica dizem-se dispostos a “minorar” os prejuízos causados à população.

Veja mais aqui:
http://www.semanariotransmontano.com/noticia.asp?idEdicao=124&id=5501&idSeccao=1393&Action=noticia




Carta de Foral

Aliado às comemorações dos 495 anos do foral, o blog frechas-frechas.blogspot.com, vai durante os próximos dias divulgar aqui alguns aspectos importantes, relacionados com o foral concedido à Vila de Frechas.
Conhece-se que o primeiro foral de Frechas lhe foi outorgado pelo seu senhorio, Lourenço Soares, antes de 1258, que instituiu Frechas como concelho e vila, conforme consta nas inquirições de D. Afonso III, de 1258, referenciado mais tarde no foral novo ou Manuelino. Foi com base nesta primeira carta, que D. Manuel legislou sobre os direitos e deveres dos moradores de Frechas, em continuidade e equivalência do antigo, substituindo somente nos deveres o foro de oitava pelo de novena.
No século XVI, com base no anterior, foi-lhe outorgado Foral Novo por D. Manuel I, que mão focava todos os pontos, nos que faltavam, os moradores de Frechas tinham de guiar-se pelo estipulado no Foral e Miranda do Douro.
Frechas tradição e modernidade - Ilda Fernandes

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Mirandela:Vale do Tua é uma mina inexplorada - ambientalistas


Mirandela, 24 Fev (Lusa) - O rio e a linha ferroviária do Tua são uma "mina" por explorar em Trás-os-Montes, podendo servir de base para o desenvolvimento turístico e económico das populações locais, defendeu hoje João Branco, dirigente da associação ambientalista Quercus.

Cerca de meia centena de pessoas viajaram hoje no metro de Mirandela, que percorre a linha ferroviária do Tua, e concentraram-se na estação de Abreiro, no âmbito da iniciativa "Por Linhas Travessas" que pretende dar a conhecer a paisagem, fauna e flora do vale do Tua.
A iniciativa foi do Núcleo de Estudos do e Protecção do Ambiente (NEPA) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em colaboração com a núcleo de Vila Real da Quercus e da Coordenadora de afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (Coagret).
"O rio Tua apresenta um conjunto importante de aspectos no âmbito da fauna, da flora, da geologia, da paisagem, do património arqueológico e da cultura. Este vale, com o rio e a linha-férrea, representam uma mina ainda por explorar", afirmou João Branco.
É que, para o ambientalista, as gargantas apertadas que caracterizam o vale do Tua, "proporcionam paisagens e condições hídricas óptimas para o usufruto da canoagem e disciplinas associadas" e a linha de caminho de ferro, com 120 anos de vida e considerada uma das mais belas da Europa, "serve de forma perfeita a acessibilidade para as actividades de descoberta do vale".
São "muitas" as espécies que habitam neste território, desde a garça real, a águia de bonelli, cegonha negra, o bufo real, ou, em termos de flora, albergando dois habitats prioritários de zimbro e sobreiro, que constam da directiva habitat da União Europeia.
Foram também muitos os turistas, vindos desde Braga, Coimbra, Porto, Vila Real, canoístas de Fafe, estudantes Erasmus da Polónia e até um casal de ingleses que apanhou boleia com o grupo, que viajaram no metro do Tua.
Para a maior parte foi a primeira vez que fez este percurso e por isso as reacções à paisagem foram de "espanto" e de "encanto".
"A paisagem é muito bonita, embora um pouco assustadora nas zonas mais íngremes e escarpadas. Gostei muito de tudo", disse à Lusa, Paula Carvalheiro, que viajou desde o Porto.
Já Rui Silva, que se deslocou desde Coimbra, caracteriza a paisagem do vale como "extraordinária", considerando "inadmissível" que ela seja destruída pela subida das águas da barragem.
Inês Bião estuda na UTAD e trouxe o pai, Inácio, de propósito para conhecer a região e a reacção dos dois foi idêntica: "é uma paisagem magnífica".
Para Leonel Castro, do clube náutico de Fafe, o rio Tua apresenta "excelentes condições para a prática de canoagem, formando grandes ondas e rápidos, sendo ainda navegável praticamente durante todo o ano".
Aos turistas juntaram-se alguns populares das aldeias de Abreiro e Vieiro.
Para Arnaldo Fontes, habitante de Abreiro, a linha não devia encerrar porque "nem todas as pessoas tem carro ou dinheiro para alugar um táxi quando precisam de ir, por exemplo, a Mirandela".
Já Carolino Augusto, do Vieiro, disse ter muita pena de ver fechar a linha onde trabalhou, em reparações, durante muitos anos e que considera ser ainda um importante meio de transporte.
O principal "inimigo" do vale do Tua é, na opinião dos ambientalistas, a barragem prevista para a foz do rio e cujo concurso público para a sua construção abriu este mês.
João Branco referiu os impactes negativos, a nível do ambiente e também da economia local.
"Vinte por cento das vinhas do concelho de Murça, mas as que dão mais e melhores vinhos, vão ficar destruídas afectando o principal sustento de dezenas de famílias", salientou.
Apesar de ainda não se saber a que cota vai ser construída a barragem, João Branco considera que o vale do Tua ficará "irremediavelmente destruído" com esta infra-estrutura, que, na sua opinião, só trará lucros aos "grandes grupos económicos e não às populações locais".
Para além de defender a manutenção da linha do Tua, que actualmente se estende apenas do Tua (Carrazeda de Ansiães) a Mirandela, Pedro Couteiro, dirigente da Coagret, quer ainda que se recupere a ligação a Bragança e se estenda a Puebla de Sanabria, em Espanha.
A futura ligação ferroviária em Alta Velocidade Madrid-Puebla de Sanabria deverá estar concluída em 2012, e, segundo o responsável, tendo em conta que Bragança se encontra a pouco mais de 30 quilómetros de Sanabria, "seria imperativo estudar a conexão entre estes dois pontos, pois esse projecto permitiria oferecer novos horizontes a toda a região de Trás-os-Montes".
"Por Linhas Travessas" é um ciclo de percursos pedestres, ferroviários e fluviais que pretende dar a conhecer a região de Trás-os-Montes e Alto Douro através das linhas de caminho de ferro.
Joaquim Silva, do NEPA, referiu que, nos próximos meses, vão ser organizadas passeios, todos acompanhados por especialistas em fauna, flora e paisagem, nas linhas estreitas do Tâmega, Corgo, estando previsto ainda um regresso ao Tua.
Também para 14 de Março, em que se assinala o Dia Internacional da acção dos danos contra os rios, água e a vida, as três associações ambientalistas estão já a programar um conjunto de iniciativas que decorrerão entre Mirandela e a estação do Tua.

PLI.

Lusa/Fim

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Incêndio numa instalação de gás provoca um ferido, em Frechas

Era quase as 10 da manhã do dia 11, quando Marco Sarmento se preparava para trocar uma botija de gás de 35 quilos vazia por uma cheia, quando sentiu o cheiro a gás. “A instalação devia estar com fuga de gás e eu tentei fechar a torneira, mas foi tudo muito rápido. Passados seis segundo saíram chamas. Senti queimar a cara e sai fora”, conta. A pequena explosão provocou queimaduras de 1º e 2º grau na face de Marco Sarmento. Com a cara queimada o funcionário de uma empresa de venda de gás telefonou prontamente para o 112, de onde atenderam da PSP de Bragança, como é do protocolo. “Disse que tinha a cara queimada e que era preciso um carro dos bombeiros para apagar as chamas, porque podia explodir”, explica. Mas, apesar de ter dito que tinha a cara queimada, Marco Sarmento não disse que precisava de uma ambulância para ser socorrido, e poucos minutos depois só chegou o carro dos bombeiros de Mirandela. Perante a ausência de transporte para o Hospital, o queimado foi transportado até ao Hospital por um colega da empresa. Enquanto esperava pelos bombeiros, Marco Sarmento ainda terá sido aconselhado por José Fernando, um vizinho da casa afectada, que o aconselhou a retirar do local a carrinha carregada de botijas de gás. Cerca de duas horas depois do sucedido a directora clínica da unidade de saúde de Mirandela explicava que o indivíduo de 21 anos tinha “queimaduras de 1º e 2º grau na face”., Ilda Matos acrescentava que Marco Sarmento “depois de avaliado foi internado em observação para tratamento”. Como precaução foi feito um raio-x ao tórax. No casa afectada pela explosão de gás, o comandante dos Bombeiros de Mirandela explicava que não receberam do 112 qualquer tipo de pedido de ambulância, mas apenas de um carro de combate a incêndios. Carlos Ricardo revela que ainda são desconhecidas as causas da explosão. A casa não foi afectada.
Jornal Terra Quente

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

TUA Muitos idosos e poucos turistas

Vão chegando na alegre algazarra dos adolescentes. E, no entanto, são idosos quase todos, os passageiros que entram na automotora verde acantonada na estação de Mirandela, com destino aprazado para dali a um par de horas e 55 quilómetros, na estação terminal do Tua. Chegarão lá cinco dos 26 viajantes que a máquina carrega... A benevolência extemporânea do clima e o resultado sofrível da selecção nacional de futebol polarizam as conversas por género - mistérios da meteorologia para elas, misérias desportivas para eles. E assim, sem atritos nem atropelos, não tarda que os 24 lugares disponíveis no bólide, uma dúzia alinhada em cada lado, estejam ocupados por autóctones.Forasteiros, apenas quatro dos 24 mil que utilizam a linha por ano, facilmente discerníveis um casal pelo trajo, tão casual que sugere um fato de treino (o dele com Spalding escrito no peito); o outro pelo sotaque, trazido do Funchal nas férias curtas do Carnaval. Soando as 10 horas, a automotora verde, uma das três LRV2000 que a Metro de Mirandela opera - havia outra, mas foi abatida após o acidente de há um ano que vitimou três pessoas -, ronrona os motores na via estreita e parte rumo a uma paisagem única e arrebatadora. E que é já memória...
Uma velha apeia-se com os vagares da idade em Latadas, o primeiro apeadeiro. Ninguém reclama da demora, que a conversa está boa e a paisagem é demasiado urbana para ser interessante. O rio corre do lado direito sem atritos, entre as leiras e a neblina. Após um túnel breve, a grande evasão dá-se em Frechas, onde calha sair Alice Caravelas. A professora liceal, de 30 anos, advoga não só a utilidade da linha - "não tenho carro e é barato (menos 60 cêntimos do que o autocarro para Frechas) -, mas também a vertente lúdica "Já fui algumas vezes até ao Tua e quero repetir na Páscoa, antes que a linha encerre", garante, admitindo que "a barragem talvez supere a receita do turismo", mais pródigo no Verão, embora "no Inverno seja mais atractivo", assinala. "Só que não há muita divulgação", diz. E sai. Leva mais seis passageiros com ela. Após 12 quilómetros e muitas curvas e trepidações, ruminando o verde da paisagem lavrada, a automotora deixa mais seis em Ribeirinha, estação habitada e limiar da civilização. A meia dúzia é contestatária: "No ano passado, fiz 114 viagens. Estou a viver em Mirandela e tenho aqui as fazendas. Se a linha for fechada, tenho de ir e vir de qualquer maneira", protesta Adelino Trigo, de 77 anos. É socorrido, na defesa da linha, por Acácio Amaral, aposentado da GNR aos 54 anos e viajante incansável: "Desde jovem que uso este transporte. A minha mulher vai uma vez por mês a Penafiel e ao Porto e vamos sempre neste", assegura, dando conta dos malefícios de uma barragem: "Prefiro a linha. Primeiro, a riqueza que existe, os melhores terrenos, fica tudo submerso", afiança, interrogando: "O que é que essas pessoas vão fazer depois? Vão viver de quê? Se já assim vão daqui para fora…".
Dali para fora está quase a partir a automotora, mas eis que surge, caminhando pela via, quatro elementos da Refer. Estão a fazer, explicam, o levantamento do estado da linha, visando a optimização da velocidade para o comboio andar mais depressa". Porque mais vagar é difícil, mas também imprescindível "De Ribeirinha ao Tua, o comboio circula com marcha à vista - nunca a mais de 30 Km/h, permitindo parar após identificar um obstáculo". Santa LuziaMunidos do contexto daquele vagar que não amacia a trepidação, os passageiros entregam-se à contemplação da Natureza.
É a partir de Abrunhedo que se calam as vozes e abrem-se de espanto os olhos dos iniciados. Impressionam-se com pouco, ainda, os turistas montes penteados pelo aro acolhem vinhas, identificam-se amendoeiras ameaçando florir, salgueiros e choupos, há azenhas desnudas ladeando as águas que afeiçoam o leito xistoso. Chega-se a Abreiro e, após ter saído mais alguma, há permuta de gente - saem quatro, entram duas - sem que se vislumbre para onde irá quem fica, embora haja, logo acima, uma ponte de betão. A estação, esventrada, assinala a civilização com um grafito ridículo gritando impropérios na parede.
O rio amodorra-se um pouco, ali, e acolhe, até, um pato no meio de um aluvião. Mas quanto mais penetra a automotora na via, mais o penedo se agiganta e atemoriza, granítico, e estéril. A vontade do homem, porém, engendrou bancadas no dorso da escarpa, e lá plantou oliveiras que enxameiam a encosta, até não lhe ser mais possível combater a pedra, rugosa e bruta. Mortal, aquele declive.
E quase em Santa Luzia, o maquinista, ciente da natureza humana, abranda para que o povo veja a mais nova, e macabra, atracção turística o local onde se despenhou, há um ano, uma automotora, matando três pessoas. "Foi aqui", informa. "Ah, louvado seja Deus…", exclama uma mulher, piedosa, tentando fotografar uma nesga de rio lá em baixo. Garantido o postal, benze-se. Em Santa Luzia, percebe-se como a engenharia, por vezes, é perversa: vêem-se as amarrações de acesso, por teleférico, do povo de Amieiro, aldeia pendurada na outra encosta, à estação. Mas não há teleférico.
…Estação do Tua
A automotora entra no destino final como um carrossel a linha, sinuosa, afaga os flancos do maciço, a trepidação aterroriza as almas sensíveis que, ainda assim, mantém a vista presa, obstinada, à paisagem em que avulta o voo planado de uma ave de rapina - o único apontamento de suavidade. E, quatro túneis depois, surge o oásis ferroviário da estação do Tua, onde jaz a carcaça de uma automotora vermelha anunciando o destino que espera, talvez, a linha inteira: a podridão. "Acho uma pena, por esta linha, e esta paisagem, que é uma mais valia enorme. Tem é de ser mais divulgada, porque o bilhete não é nada caro", diz o madeirense José Cristiano Branco, professor de Educação Física. A mulher explica a origem da viagem insólita "Vi imagens na televisão pelos piores motivos - o acidente - e, há dias, vimo-las outra vez, a propósito da reabertura da linha. Como disseram que podia fechar, viemos cá antes disso". E, apesar de estar "só de passagem", não deixa de se interrogar: "E se o Douro é Património Mundial, como é possível desprezar esta linha?".
JN
Obrigado por teres visitado o meu blogue e volta sempre.