quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Pelourinho n.º7

Boletim Informativo, ANO 2 – NÚMERO 7 – 31/Outubro/2008

Pelourinho 7

Todos os números anteriores d'O Pelourinho já se encontram publicados neste Blog.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

AGOSTO

No coração de Portugal, serrano, o mês de Agosto multiplica os populares e as actividades.
Regressam à terra, vão ás festas,lançam foguetes, bebem cerveja...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Acidente na Linha do Tua

Ocorreu, perto das 11 horas de hoje, um acidente na Linha do Tua, entre os apeadeiros da Brunheda e do Tralhão.

Mais informação no Blogue - A Linha é Tua - (http://alinhaetua.blogspot.com/)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Cachão - Mirandela (II)

No dia 29 de Julho voltei à Linha do Tua. O objectivo era completar a segunda volta à linha, desta vez em pleno Verão, para poder comparar com aquela que tinha feito na Primavera.
Cheguei ao Cachão, pouco depois das 10 horas. Desta vez não dependia da passagem da automotora. Andava uma pessoa a arrancar algumas ervas nos passeios da estação e, numa curta conversa, fiquei a saber que o troço entre Frechas e Mirandela se encontrava em obras de melhoramento. A Linha do Tua estava toda assente em terra, mas, a situação foi sendo melhorada ao longo dos últimos tempos. Já tinha reparado que o troço mais envelhecido, era entre Frechas e Mirandela, exactamente aquele que se encontra agora em obras.
Esta informação aguçou a minha curiosidade. Na viagem que aqui fiz a 25 de Abril de 2008, tirei fotografias fantásticas, com as papoilas a invadirem a linha. Dá-me ideia que essas imagens nunca mais se vão repetir.

O quilómetro 42º acompanha a estrada N213. Foi uma zona em que tirei boas fotografias. O aspecto estava completamente diferente. Ladeavam a linha duas faixas de ervas completamente ressequidas, com sementes que se prendiam à roupa, lutando pela sua disseminação. Até o bonito jardim de uma moradia que existe sensivelmente a meio desse quilómetro, estava um pouco mais desleixado do que o habitual. Tinha muitas rosas secas.
Um pouco mais à frente reencontrei um casal de aves de rapina que habita esta zona. Estou em crer que se trata de um casal de milhafres-reais (Milvus milvus). Há outro casal de aves de rapina que nidifica entre a Ribeirinha e o Vilarinho das Azenhas, este deve nidificar aqui. Também, logo a seguir a Latadas, há um troço de rio muito largo, com muita água, onde, penso existir mais um casal residente.
Com o céu sem nuvens, o Faro parecia-me ali perto. Este monte fascina-me! Gosto muito de fotografar a linha com o monte a fazer de fundo. Parece até que estamos numa paisagem do centro ou norte da Europa.

Pouco depois avistei as o Bairro Nossa Senhora de Lurdes, em Frechas. Ao chegar à estação, não pude deixar de reparar nas ruínas em redor. Houve um tempo em que a linha era o principal acesso a estas terras. À volta das estações da linha cresciam comércios, pensões e armazéns, conforme a população que serviam. Por exemplo, o Cachão, era o ponto de entrada para o concelho de Vila Flor. Havia um serviço de autocarro entre Cachão e Vila Flor, mas já antes, esse percurso era feito a cavalo. Com a melhoria das estradas, o comboio foi perdendo importância e as infra-estruturas existentes foram sendo abandonadas. Em Frechas, não era difícil manter as casas de banho da estação operacionais, mas agora estão vandalizadas. Quando retomei a marcha apercebi-me que estava quase na hora de passar a automotora. Já não me dava tempo para chegar ao Túnel, por isso abandonei a linha e decidi esperar por ela à sombra de uns enormes choupos brancos. Passou poucos minutos depois, cheia de passageiros, muitos deles turistas que viajam na Linha do Tua por prazer. Estes são, cada vez mais.
Junto à Ponte da Carvalha, entretive-me a tentar fotografar as borboletas. As flores em volta da linha são poucas, ao contrário das borboletas que abundam, mas são muito ligeiras, voando ao mais pequeno movimento.

Pouco depois atravessei o Túnel de Frechas e a vista alargou-se de novo para o rio. A beleza deste vale está neste namoro constante, entre a linha e o rio que raramente se separam. Seguem o mesmo curso, traçam as mesmas curvas, rasgam as mesmas fragas, enfrentam as mesmas ameaças.
Entrei no troço em obras. Está a ser feita uma grande obra: construção de muros de sustentação, aquedutos de escoamento de águas; colocação de gravilha; substituição das travessas; nova soldadura dos carris. Estes são os melhoramentos que uns olhos não treinados vêem. Na zona em obras, é muito complicado andar pela linha. A gravilha cobre mesmo as travessas. Além de ser doloroso estar sempre a caminhar sobre este tipo de piso, é também perigoso. O facto de o pé não apoiar bem, aumenta o risco de entorses. São necessárias umas boas botas.
A zona das Latadas está completamente diferente. Há pouca água, mas as árvores, exuberantes, continuam a dar bastante beleza ao local.
Pouco antes de chegar à Quinta do Choupim, há uma zona plana, com pastos, que me deu grande gozo fotografar na Primavera. Como seria de esperar, agora estava tudo seco. Estava nessa zona quando passou uma nova automotora em direcção a Mirandela.
Era 1:50 da tarde e tinha quatro quilómetros para percorrer. Consultei os horários. Só tinha transporte de Mirandela para o Cachão às 16:14, por isso não tinha necessidade de me apressar.

Dois quilómetros antes de chegar a estação de Mirandela, encontrei o local onde decorriam as obras de substituição das travessas mais velhas. O trabalho é feito durante a noite, uma vez que é necessário arrancar os carris, por isso, não se via ninguém a trabalhar.
Cheguei junto da Ponte Europa. O ambiente era de festa. Do outro lado do rio via-se e adivinhava-se, grande animação, mas ainda contida, dado o calor da tarde.
Demorei bastante tempo a percorrer o último quilómetro. Parava a cada instante, espreitava o rio através do jardim. Sentei-me na relva, retirei as sapatinhas e a maior parte das sementes que levava presas às meias.
Às três e meia da tarde, atravessei todo o Parque do Império e parte da Ponte Românica para tirar algumas fotografias e comprar água fresca. Neste percurso não tive problemas com a água. As três garrafas pequenas que levei, chegaram-me até Mirandela. Apesar do sol, circulou sempre algum ar fresco e não transpirei muito, talvez também pelo facto da linha se encontrar mais próxima da frescura do rio, coisa que não acontece nos troços do início da linha.

À hora da partida da automotora, já estava na estação. Estava completamente lotada, também não me importei, viajo sempre de pé. Muitas das pessoas eram turistas. Alguns vão de carro até ao Tua, fazem o percurso ascendente, almoçam em Mirandela e voltam ao Tua pela tarde.
Com a aproximação do Verão, as automotoras circulam sempre cheias. A linha tornou-se uma atracção turística, mais pela polémica, do que pela promoção que as autarquias fazem. Antes pelo contrário, algumas autarquias, escondem o Rio e a Linha do Tua, com receio que as suas ideias mercantilistas sejam postas à prova, contrariando a ideia de que a linha não é utilizada.
Regressei ao Cachão na automotora. Completei com este percurso, duas voltas à linha, entre Foz-Tua e Mirandela. Talvez quando chegar o mês de Outubro me anime a percorrê-la de novo, em busca das cores do Outono. Até lá, vou-me deliciando com centenas e centenas de fotografias e as recordações de passeios inesquecíveis.


Mais informação no Blog: A Linha é Tua

segunda-feira, 14 de julho de 2008

De volta à Linha do Tua

No dia 12 de Julho voltei à Linha do Tua. Desta vez o percurso foi o troço de linha no concelho de Vila Flor. Começou, pouco antes da estação de Abreiro e terminou no Cachão, onde também tirei algumas fotografias.

A reportagem de todo o percurso pode ser lida - aqui -

sábado, 12 de julho de 2008

Linha do Tua - Debate Público


Dia 25 de Julho de 2008, no Porto.
Cartaz em formato PDF aqui.
Mais informações no sítio do Movimento Cívico pela Linha do Tua.

(nota: a fotografia do cartaz pode parecer familiar, e é. Foi tirada dia 25 de Abril, entre Frechas e o Cachão)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Pelourinho n.º1

Boletim Informativo ANO 1 – NÚMERO 1 – 31/Janeiro/ 2007

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Com a publicação do Pelourinho n.º1, ficam on-line todos os números saídos até ao momento.
A opção, de serem publicados um a um, começando pelo mais recente para o mais antigo, tem uma explicação. Foi necessário refazê-los todos, página a página, o que levou algum tempo.
Podem ser vistos todos seguidos, clicando aqui,

Ou um a um:
O Pelorinho n.º1 de 31 Janeiro de 2007
O Pelorinho n.º1/A de 01 de Abril de 2007
O Pelorinho n.º2 de 30 de Abril de 2007
O Pelorinho n.º3 de 31 de Julho de 2007
O Pelorinho n.º4 de 31 de Outubro de 2007
O Pelorinho n.º5 de 31 de Janeiro de 2008
O Pelorinho n.º6 de 30 de Abril de 2008

Caso me sejam facultados os próximos números, serão imediatamente disponibilizados.
Espero que, pelo menos os que estão mais distantes de Frechas, tenham agora acesso a este Boletim.

sábado, 5 de julho de 2008

Recordando a 1.ª Largada de Faisões e Perdizes

Aconteceu no dia 30 Março de 2008, em Vale da Sancha, a 1.ª Largada de Faisões e Perdizes na Freguesia, promovida pela Associação de Caça e Pesca.






Fotografias cedidas pela Junta de Freguesia de Frechas

quarta-feira, 25 de junho de 2008

sábado, 7 de junho de 2008

Recordando o Homem de Ferro 2007, em Triatlo

Fotografias recordando o Homem de Ferro 2007 em Triatlo, em Frechas, nos dias 14,15 e 16 de Setembro de 2007. A prova teve início em Mirandela, mas depois desenvolveu-se e terminou em Frechas.












Fotografias cedidas pela Junta de Freguesia de Frechas

O Pelourinho n.º4

Boletim Informativo ANO 1 – NÚMERO 4 – 31/OUTUBRO/ 2007
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Já publicados:

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Frechas foi noticia no Jornal Nordeste



Frechas oferece património histórico e natural aos seus visitantes


Nas margens do rio Tua

Dona de uma história ímpar, Frechas partilha a sua beleza e grandiosidade com o rio Tua que faz desta uma das aldeias mais conhecidas do concelho de Mirandela.
Mergulhada entre montes e vales de paisagens soberbas, o leito amplo e apaziguador do rio Tua dá, à freguesia, uma calma que é contemplada por quem passa pelo parque de merendas ou quem visita a praia fluvial.
Da ponte que o atravessa, é possível admirar as águas plácidas em perfeita comunhão com a natureza verdejante de campos e vegetação.
A par da sua beleza natural, Frechas é rica em história, comprovada pelo seu faustoso património edificado, como a Igreja matriz, capelas, casas brasonadas e pelourinho, entre outros.
Vila e sede de concelho até ao início do século XIX, a freguesia foi povoada, desde a pré-história, por civilizações como os Celtas, Romanos, Suevos, Visigodos e Árabes, cuja passagem é confirmada pela quantidade de vestígios arqueológicos presentes na freguesia. Assim, é possível encontrar nesta localidade casas de pedra cobertas de colmo, flechas e diversos materiais agrícolas de ferro, bem como moinhos, prensas para o azeite, lagares e adegas, entre outros.
Acredita-se que a elevada procura por parte de povos tão diversos se deve às boas condições climatéricas e à exploração do solo.
O concelho de Frechas perdurou até 1836, altura em que passou para o de Mirandela. No entanto, o pelourinho central recorda a todos os visitantes os antigos foros.

Freguesia integra as localidades de Cachão e Vale da Sancha

Sendo a terceira maior freguesia do concelho a nível demográfico, Frechas, com os seus cerca de mil habitantes, é bastante procurada pelos turistas que, no Verão, usufruem da praia fluvial da localidade. “Vem muita gente para o rio no Verão e há sempre muito movimento por aqui”, informou Constantino Guedes, residente em Frechas.
A alguns minutos de Mirandela, Frechas tem sido bastante procurada por pessoas que pretendem construir e residir na freguesia, sendo que é evidente, para quem passa, a aposta na construção de novas moradias. “Ainda há pouco estiveram aqui pessoas à procura de informações porque queriam comprar terrenos aqui”, adiantou Jaime Alberto, outro residente.
Recorde-se que a freguesia de Frechas integra as localidades de Cachão, conhecida pelo seu complexo agro-industrial, e Vale da Sancha, rica em património histórico, como a capela da Nossa Senhora do Aviso e Igreja de São Gonçalo, entre outros.
Por: Sandra Canteiro

sábado, 24 de maio de 2008

O Pelourinho n.º5

Boletim Informativo ANO 1 – NÚMERO 5 – 31/OUTUBRO/ 2007

Eis mais um número de "O Pelourinho", desta vez o número 5, com data de 31 de Janeiro de 2008.
Acompanham-no algumas fotografias do da Festa do Foral, que teve lugar nos dias 8 e 9 de Março. As fotografias dizem respeito à Teatralização da leitura do Foral.










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quarta-feira, 21 de maio de 2008

O Pelourinho n.º6

Boletim Informativo ANO 1 – NÚMERO 6 – 30/ABRIL/ 2008

Não seria bom se pudéssemos ler o Boletim Informativo de Frechas, online?? Quem sabe até, imprimi-lo em qualquer lugar do mundo?
Aqui fica O Pelourinho n.º6, de 30 de Abril de 2008, à experiência.
Os meus agradecimentos ao sr. Presidente da Junta de Freguesia.
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sábado, 17 de maio de 2008

Comemorações dos 495 anos do foral da villa de Frechas - Fotografias

Embora com algum atraso, vou divulgar algumas fotografias relativas às Comemorações dos 495 anos do foral da villa de Frechas e de outros eventos que se realizaram em Frechas. As fotografias foram gentilmente cedidas pelo sr. presidente da Junta de Freguesia, Jorge M. Pereira.
As fotografias de hoje ilustram a cerimónia que teve lugar no dia 8 de Março, na igreja matriz de Frechas, que contou com a presença de várias individualidades entre as quais o chefe de gabinete do Governador Civil, Leonel Afonso, o sr. presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano e o bispo da diocese Bragança – Miranda, D. António Montes Moreira.




Nos próximos dias colocarei mais fotografias.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Frechas, hoje à tarde

Mês de Abril, águas mil - mas Maio parece querer ir pelo mesmo caminho. Apesar de ter chovido como já há muito tempo não se via, as albufeiras estão ainda com muito pouca água. A albufeira do Cachão, não é excepção.
Esta tarde choveu com alguma intensidade, mas quando o sol mostrava um pouco da sua graça, tudo se cobria de um verde brilhante, lavado, coroado por um bonito arco-íris.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Portão

Portão, junto à estrada, perto da Estação.

Ministério do Ambiente manda suspender fábrica de óleos do Cachão

O Ministério do Ambiente ordenou o encerramento da fábrica óleos do Cachão por alegadamente constituir um sério perigo para a saúde pública. A empresa estará a funcionar ilegalmente há cerca de sete anos, podendo estar a libertar poluentes altamente tóxicos e cancerígenos, que estarão a contaminar o ambiente na freguesia vizinha de Frechas. Perante a situação, a tutela notificou a Entidade Coordenadora do Licenciamento para que seja ordenada a suspensão imediata da actividade da Sociedade Duriense de Óleos, a laborar no complexo do Cachão.

A situação foi revelada como resposta a um requerimento apresentado pelo Partido Comunista, na assembleia da república. O Ministério do Ambiente adianta que a fábrica não está licenciada, tendo a ASAE interpelado a Direcção Regional da Economia do Norte no sentido de serem impostas medidas cautelares à empresa. Nas últimas semanas a população de Frechas queixou-se de uma forte nuvem de fumos sobre a aldeia. Foram identificados 32 poluentes susceptíveis de poluir ar e cursos de água, parte deles “neurotóxicos “e outros com “grande potencia cancerígeno”. Como confirma, José Brinquete, do PCP de Bragança. O facto de esta unidade industrial de tratamento e extracção de óleos estar a operar em situação ilegal levanta, segundo Brinquete, mais questões graves para a preservação ambiental. Agora perante a confirmação da ilegalidade da fábrica e do perigo para a saúde dos trabalhadores e habitantes, o Partido Comunista vai apresentar um requerimento na Assembleia da República para saber que medidas o Ministério do Ambiente vai tomar e exigir mais testes e rastreios à população e trabalhadores. O Ministério do Ambiente veio confirmar o grave impacto, que a fábrica de tratamento de óleos, instalada no complexo industrial do Cachão em Mirandela, está a ter no ambiente e saúde pública da zona. O PCP acusa o presidente da câmara de Mirandela de ter mentido, quando afirmou que a fábrica estava a funcionar legalmente”, o que não se verifica. A RBA tentou contactar José Silvano, mas ainda não foi possível obter uma resposta por parte do autarca.

Fonte: RBA

sábado, 3 de maio de 2008

O Rei ficou a pé e os utentes da CP vão na mala do carro.

Autor: Hugo Guimarães <hugo-guimaraes@mail.telepac.pt>
Data: 26-04-2008

O Rei ficou a pé e os utentes da CP vão na mala do carro.

Este sábado, a propósito das recentes notícias sobre o eventual encerramento da linha do Tua, resolvi, com a minha namorada, passear na mesma.
Em primeiro lugar fiquei chocado, juntamente com outros turistas, quando à chegada da estação do Tua fomos informados de que o troço da linha entre Tua e Abreiro (o mais espantoso do percurso) estava encerrado. No entanto, quando perguntei aos funcionários da CP e da REFER se havia obras na linha, estes comunicaram-me que as obras estavam concluídas e que apenas se aguardavam instruções “superiores” para reabertura desse trajecto.
Para transportar os passageiros, a maior parte turistas que vinham especificamente apreciar o trajecto do caminho de ferro, estavam 2 taxis ao serviço da CP. Obviamente que, num sábado de sol de primavera, os dois táxis não chegavam para todos os passageiros.
De forma a “resolver” o problema, o taxista chamou um outro táxi. Mesmo assim, nem todos os passageiros cabiam nos 3 taxis, um deles prontificou-se a ir na mala do carro e assim se resolveu o problema do transporte dos passageiros. Uma vez que com todas aquelas manobras o tempo se foi esgotando (e a Automotora de ligação estava à espera na estação de Abreiro) o taxista foi “forçado” a acelerar a marcha chegando mesmo a atingir os 90Km/h naquela estrada cheia de curvas e contra curvas. Não critico o taxista que fez todos os possíveis para se assegurar que toda a gente chegava a tempo ao comboio. A questão que faço é: Valerá a pena a CP substituir a alegada insegurança da linha por insegurança rodoviária? Quando ainda por cima as pessoas queriam era ver o percurso do comboio?
Mas, lá chegamos ao comboio sem “azares de percurso”.
Durante a viagem de comboio vi com os meus próprios olhos o estado de má conservação em que se encontra a linha, forçando a automotora a circular a uma velocidade de 35km/h. Velocidade esta que torna o comboio não competitivo (quando na prática tinha todas as condições para o ter).
Chegamos a Mirandela no tempo previsto e aproveitamos o maravilhoso jardim junto ao rio para fazer um piquenique.
Quando voltamos para a estação com vista a tomar o comboio de regresso ao Tua ficamos surpreendidos com a presença de D. Duarte Duque de Bragança naquele lugar. Este encontrava-se com representantes do Movimento Cívico pela Linha do Tua que recolhiam assinaturas para uma petição a favor do não encerramento da linha. Aparentemente era intenção do nosso Rei fazer também o percurso Mirandela-Abreiro, coisa que não se veio a verificar. O mais incrível é que o Rei não pôde fazer este percurso porque a automotora já estava lutada (40 lugares sentados e 30 em pé). E, apesar do esforço do maquinista para receber autorização para acoplar uma outra automotora (existiam 2 disponíveis na estação de Mirandela), esta foi-lhe recusada por alguém superior (da CP ou da REFER).
Em resumo, os turistas que queriam ver a linha tiveram de desistir ou ir de táxi, alguns passageiros tiveram de ir na mala do táxi e o Rei ficou “pendurado” na estação de Mirandela.
Parece-me mesmo que algumas entidades querem arruinar de vez a imagem da linha do Tua para terem menos “entraves” no seu encerramento!!!
Que País em que vivemos… as vezes, e apesar de gostar muito do meu País, tenho vergonha (já que outros não a tem) …

Hugo Guimarães

Na Linha do Tua 4


No dia 1 de Maio tive tempo para mais uma etapa "À Descoberta" da Linha do Tua. O meu plano era fazer o percurso que vai da estação da Brunheda a Foz Tua em duas caminhadas ao longo da linha, mas, com os acontecimentos mais recentes que levaram ao encerramento, precisamente, desse troço da linha, as coisas complicaram-se. Acolhido de um ímpeto daqueles que é difícil controlar, decidi fazer todo o percurso numa só etapa.

Leia toda a história aqui.

Ligação para a 1.ªetapa entre Cachão e Ribeirinha
Ligação para a 2.ªetapa entre a Brunheda e Ribeirinha
Ligação para a 3.ªetapa entre a Cachão e Mirandela
Ligação para a 4.ªetapa entre a Brunheda e Foz-Tua

terça-feira, 29 de abril de 2008

Petição pela Linha do Tua VIVA


Como tenho mostrado pelas fotografias recentes neste Blog, a Linha do Tua é um dos locais mais bonitos de se percorrer no Nordeste Trasmontano. A par disso, é uma importante obra de engenharia feita por aqueles que acreditaram que os que cá viviam, também tinham direitos. Para algumas aldeias ao longo da linha é ainda o meio de transporte mais prático e económico.
Os movimentos a favor da manutenção da linha (contra a barragem), são muitas vezes acusados de nem saberem onde fica o Tua, de serem estrangeiros. Os que vivemos aqui, e que queremos continuar a viver, também somos capazes de imaginar outro tipo de desenvolvimento, sem destruição do nosso património e sem esvaziamento da região de quase tudo o que foi conquistando com muito esforço. Apregoa-se o desenvolvimento à custa da desertificação, do encerramento, da entrega das poucas coisas valiosas que temos aos grandes interesses económicos.
Os próprios autarcas estão "tão convencidos" das vantagens da construção da barragem, que na reunião que tiveram em Carrazeda de Ansiães a meados de Abril, quando pensavam discutir as contrapartidas a pedir, decidiram criar uma comissão para o estudo do desenvolvimento da região, aceitando como possível a manutenção da Linha do Tua como factor de potencial desenvolvimento.
Aconselho a leitura da Petição pela Linha do Tua neste endereço, e a assinarem-na, como forma de empenhamento na defesa de um património que é nosso, mas que queremos deixar às gerações futuras.

Mais informação aqui:
http://www.alinhadotua.com
http://www.linhadotua.net

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Na linha do Tua


Hoje foi o dia de partir "À Descoberta" de mais um troço da Linha do Tua. Dia 25 de Abril, dia da liberdade e não há melhor local para eu me sentir livre do que em contacto com a Natureza, longe do barulho, longe da pressão, longe de tudo o que torna o nosso dia a dia num círculo viciado.
Depois de percorrer, a pé, a 1.ªetapa entre Cachão e Ribeirinha e a 2.ªetapa entre a Brunheda e a Ribeirinha, pretendia continuar em direcção ao Tua, mas o acidente que aconteceu na linha, com a Dresin, no dia 10 de Abril, tem dificultado os meus planos.

A minha ideia inicial, era percorrer, a pé, a parte da linha que tem grandes hipóteses de ser trocada por contrapartidas com a EDP, mas depois pensei: porque não percorrer os 54 quilómetros que vão desde Foz-Tua a Mirandela? Como as automotoras continuam a fazer o percurso Brunheda Mirandela, mantendo os mesmos horários, planeei a 3.ª etapa, Cachão Mirandela.

Estudei os horários, o trajecto, consultei mapas e fotografias aéreas na Internet. A caminhada seria do Cachão a Mirandela. Iria de carro até ao Cachão; seguiria pela linha até Mirandela; apanharia a automotora de volta ao Cachão e regressaria a casa. Em termos de horários, já sei que tenho de somar bastantes mais horas do que aquelas que são necessárias para fazer o caminho. O objectivo era tirar fotografias e não fazer o percurso o mais rápido possível.

Às onze horas estava no Cachão. O céu estava limpo e o sol escaldante. Carregava o almoço, bastante água e, claro está, o material fotográfico necessário. A estação do Cachão está muito bem cuidada. Foi pintada recentemente e a área circundante está limpa. Até tem um horário dos comboios colado na porta (que ainda tem vidros!). A poucos metros de distância há alguns armazéns, estes sim destruídos. Um deles tem um bonito gradeamento em ferro, mesmo a pedir algumas fotografias a preto e branco.

Segui viagem, pela linha, mas sempre atento a qualquer possibilidade de descer até ao rio, que tem um grande caudal, fruto das “águas mil” de Abril. Neste percurso entre Cachão e Mirandela, a linha e o rio parecem de costas voltadas, chegam mesmo a separar-se, como acontece em Frechas.

A diferença de cota entre os dois é muitas vezes pequena, o que não permite ver o rio da linha. Ao longo de todo o percurso o rio corre mais manso do que para jusante, sempre ladeado de duas luxuriantes linhas de árvores, uma em cada margem, que dificultam a visão. De onde em onde resistem grandes açudes, acompanhados das ruínas das respectivas azenhas. Mesmo sem se verem, os açudes adivinham-se, pelo barulho que a água faz quando as transpõe.
No espaço em que a linha segue paralelamente à estrada N213 há dois açudes. Recordo-me comer uns peixinhos fritos, há mais de 20 anos atrás, na única casa que há perto do segundo açude! Depois a linha e a estrada separam-se só voltando a juntar-se perto da estação de Frechas.

A vegetação em volta, solicitava mais e mais fotografias. As papoilas vermelhas saltavam da verdura lembrando-me os cravos de Abril. Mais modestas mas não menos bonitas surgiam tufos de outras flores despertando a minha sensibilidade e o meu conhecimento: miosótis (Myosotis arvensis), borragem (Borago officinalis), erva das sete sangrias (Lithospermum diffusum), viperina (Echium tuberculatum), estevas, (Cistus ladaniferus), arçãs (Lavandula stoechas), jacinto das searas (Muscari comosum), roas (Rosa canina), muitas crucíferas e giestas. Quanto mais tempo se perde olhando com calma, mais variedade de vida se descobre.

Levei algumas horas a chegar a Frechas! Exposta ao sol, parecia adormecida no perfume das flores, aquecida pelo sol. Ao passar sobre a Ribeira da Carvalha, apeteceu-me molhar os pés, refrescar a cara, mas ainda havia muito caminho a percorrer. Atravessei o pequeno túnel sob a estrada nacional e preparei-me para admirar o rio. É neste ponto que da linha se avista melhor o rio. Lá ao fundo, onde o rio se esconde no cachão, os cumes do Faro e da Senhora da Assunção parecem vigiar os meus passos. Que felizes que são, tem hipótese de desfrutar desta paisagem dia após dia!

Consultei a minha cábula com os horários. Dali a pouco passou a automotora em direcção a Mirandela, onde chegaria perto das duas da tarde.
Andei mais um pouco e apanhei um valente susto. Numa quinta, muito bonita que existe na encosta apareceu mais de uma dúzia de cães gigantescos. Felizmente só um avançou para a linha. Não se sentindo apoiado, desistiu e eu pude continuar. A partir deste ponto, é onde a linha está em pior estado. As travessas estão velhas, mal apoiadas e a linha está invadida por ervas daninhas. Está assim até Mirandela. Andam algumas máquinas a enterrar ao lado da linha estruturas para fibra óptica. Penso que depois a linha sofrerá uma intervenção, colocando este troço ao nível da que já existe desde o Tua até Frechas.

No apeadeiro Latadas parei. Aproveitei para saborear o “almoço” já muitas vezes desejado, sentado num tufo de erva, à beira-rio.
Recuperado do cansaço, retornei a marcha. De novo a linha se afasta da estrada N213, só voltando a encontrar-se já em Mirandela.

Depois de algumas curvas, a vista alarga-se. Surgem campos povoados de flores espontâneas de todas as cores. Apeteceu-me deixar a linha e explorar o espaço circundante. Estava na Quinta do Choupim.
Pouco depois surgiram campos cultivados de ambos os lados da linha. Hortas, vinhas, olivais, pomares, mas também boas terras onde se plantavam batatas.
As primeiras casas de Mirandela já se viam ao longe. Acelerei o passo. A automotora partiria para o Tua às 16:14 e eu tinha pouco tempo para chegar à estação. Quando cheguei à Ponte do Açude convenci-me que poderia chegar a tempo.

Nos últimos metros há um carreiro que acompanha a linha e um bonito jardim entre o carreiro e o rio. A paisagem é deslumbrante, seria um óptimo lugar para merendar.
Cheguei à estação a dois minutos da automotora partir. Só tive tempo de limpar o suor e beber um pouco de água. Ainda chegou um grupo de 6 pessoas que desistiram da viagem quando souberam que não poderiam fazer o percurso até ao Foz-Tua pela linha.

Tirei o bilhete até Frechas e coloquei-me junto ao maquinista, apreciando a linha e trocando algumas palavras. Soube que seguiriam onze passageiros, de táxi, da Brunheda para o Tua. Também soube que a linha está completamente recuperada, mas ainda não foi ainda dada autorização para retomar a circulação da automotora no percurso completo.
Apeei-me em Frechas com uma intenção: dar um passeio pela beira-rio admirando a bonita praia fluvial.

Da estação segui, imagine-se, para a Rua da Liberdade. Desci a Rua dos Combatentes em direcção ao rio. Alguns caminhos estavam intransitáveis devido ao caudal do rio e tive que saltar algumas paredes para chegar à praia fluvial. Havia bastantes pessoas espalhadas ao longo do rio. Algumas mulheres lavavam roupa, outros descansavam, brincavam ou pescavam. Subi às ruínas da azenha à procura de melhores ângulos mas o brilho do sol reflectido na água ofuscava a câmara.

Segui em direcção a jusante e depois meti por um caminho em direcção à linha. Esperava-me mais um último esforço até chegar ao Cachão. O sol baixo, queimava-me a cara e dava colorações macias nas zonas translúcidas das flores e folhas. Não sei quanto tempo demorei. Cheguei à estação em simultâneo com a automotora que saiu da Mirandela às 18:13.

Percorri à volta de 18 quilómetros, a pé e tirei 814 fotografias. A selecção de meia dúzia para ilustrar esta minha aventura, é uma tarefa difícil. As fotografias ficam guardadas, mas os locais estão lá, cheios de luz e cor, à espera de serem visitados.
Ligação para a 1.ªetapa entre Cachão e Ribeirinha
Ligação para a 2.ªetapa entre a Brunheda e a Ribeirinha

Texto e fotografias de Aníbal Gonçalves
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